Construindo liberdades possíveis para construir em comum uma comunidade
- Rafael Sousa
- 7 de set. de 2021
- 2 min de leitura
Por Raquel Xavier
Pensar e falar sobre liberdade se torna cada vez mais difícil em nosso tempo, assim como pensarmos em uma sociedade que se organize com a perspectiva do "em comum", e isso parece algo que desmotiva e cessa as esperanças da vida e do viver. Mas por quê?

Cada vez mais trancafiados, exilados, solitários, cercados, essa é a meta de organização que tem em seu alicerce uma estrutura capitalista, principalmente em sua atualização, o neoliberalismo. Isolados em condomínios, receio de sair de casa, medo de ficar nas calçadas, presos em celas, ou em nossos territórios. O medo priva liberdades e esperanças de futuros melhores de existências potentes.
A equidade seria uma possibilidade, mas para isso acontecer teríamos que rever nossa configuração de democracia que ainda mantém majoritariamente pessoas que não nos representam enquanto sociedade brasileira. Como ser equidade se miramos em justiça e igualdade?
Na justiça caímos em lógicas violentas de punir e vigiar, em igualdade caímos na falácia de que todos temos acesso e acessibilidade ao que produzimos na sociedade, e sabemos, que ambas só produzirão ao fim mais desigualdade, isolamento e medo. Mas será possível pensarmos no "em comum"?
Em comum seria a maior possibilidade de criarmos comunidade, elo, produzindo e construindo outras realidades. No em comum podemos lutar, criar, em uma coletividade que cuida em partilha. Mas aqui, devemos nos questionar o que estamos dispostos a fazer para criar uma sociedade outra.
Seria na acadêmia, pela escrita? Sim. Na rua, gritando e reivindicando? Também. Nas câmaras, criando nossas diretrizes? Inclusive. Para destruirmos esta organização de violência cotidiana baseada na falácia da meritocracia precisamos reinventar todos os espaços possíveis para acabarmos com essa estrutura.
Temos algumas possibilidades: diálogo, educação, instrução, mas também temos a revolução em seu sentido mais "cru". Aqui, gostaria de fazer uma diferenciação entre a violência advinda da estrutura e a violência como resposta. Não podemos igualar a violência de uma corporação militar com a destruição de estátuas que representam a era escravocrata.
A comunidade demanda ideais compartilhados que mirem uma relação de respeito e reconhecimento da diferença, sem o cerceamento da vida e da existência. Não significa, no entanto, ser tolerante com a intolerância do discurso de ódio.
Para finalizar essa discussão que não se encerra nem aqui e nem agora. Como podemos chegar em liberdades comunitárias que mirem a equidade em uma sociedade neoliberal com tantos discursos de ódio? A utopia seria possível nesse cenário? Para onde queremos ir em um futuro que talvez não vivenciaremos?
Raquel Xavier
Psicólogo CRP 11/15689
Membra do NUCED
Pesquisadora convidada pela COOPEM-UNIFAMETRO






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